obrigada Fernanda
- Giordanna Forte
- 9 de set. de 2024
- 3 min de leitura
vendo as notícias sobre Fernanda Torres receber tantos elogios pela sua atuação no filme "Ainda Estou Aqui" me dá esperanças. esperança de que a arte da atuação ainda existe dentro do que ela realmente se propõe, atuar. eu ainda não vi o filme, mas aqui no Brasil a gente já conhece o talento da Fernanda e pra quem viveu os anos 80 e tem uma memória boa, deve lembrar que ela já ganhou um prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes com apenas 20 anos.

mas pensando sobre a Fernanda e a arte de atuar nos dias de hoje, ver uma atriz sendo aplaudida pelo seu trabalho e apenas o seu trabalho, é algo que me comove. porque quando escolhi esse mesmo ofício lá nos anos 2000 com meus ingênuos 15 anos de idade, era nisso que acreditava, apenas exercer o papel, ir a fundo nele, colocar a personalidade de outra pessoa dentro de mim e viver aquilo intensamente pra de alguma forma tocar o outro. pra mim, atuar é simplesmente isso, tocar outras pessoas com a vivência verdadeira de uma história, seja ela ficção ou não.
por isso o aplauso me tocou, porque de uns tempos pra cá eu vejo muitas atrizes se aprisionarem na ideia da imagem, na loucura da beleza ideal, na fixação de crescer em números que julgam o tempo todo sem dó e muitas vezes esses números só trazem mais ansiedade, mais insegurança e um distúrbio da própria imagem que nem cabe dentro desse ofício. não julgo as escolhas porque eu sei que existem muitas camadas (já estive em algumas) a serem discutidas dentro desse assunto, mas esse não é o caso, pelo menos por agora.
o caso em questão nesse texto e agora é sobre certas essências que não se perdem. porque tem certas coisas na arte que não são números de seguidores que vão dar o aval de sucesso. não é uma beleza perfeita ou um vídeo viralizado que vão fazer uma atriz ganhar 10 minutos de aplausos. tem coisas na arte e, principalmente na arte de atuar, que desde a Grécia não muda: o arrebate! e arrebatar o espectador de alguma forma não vem da beleza externa, vem de uma beleza interna que é inabalável porque é dela que o ator nasce.
me chamem de clichê, mas a verdade é que o que realmente importa dentro do ofício de atuar é essa beleza de alma, esse lugar que ninguém toca porque só sente. e tem um sentimento na arte que nada consegue substituir, nem números, nem seguidores, nem inteligência artificial e nem mesmo o capitalismo (por mais que esse às vezes faça a gente pensar o contrário). a arte tem uma emoção que vai além do lógico, é tipo um deus que a gente não vê, mas sabe que existe, porque ele provoca algo dentro da gente.
e é por isso que a gente aplaude 3, 5...10 minutos. e é por isso que o aplauso da Fernando me comove particularmente e também profundamente, porque faz eu ter esperança naquele meu primeiro sonho lá dos anos 2000. faz eu acreditar que, mesmo não exercendo mais a arte de atuar, mas de alguma forma exercendo arte. ela continua inabalável ainda hoje e talvez, dentro dessa mesma esperança, no tal amanhã tão assustador diante das telas em nossas mãos.
então que venha aplausos em Veneza! que venha uma indicação ao Oscar! quem sabe assim o mundo enxergue toda essa arte indiscutível que habita na Fernanda. e quem sabe eu tenha esperança na minha razão escrita aqui e possa resumir esse texto todo com um simples...
obrigada Fernanda.
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